Mais letrinhas de como "ver" a qualidade do cabo par-trançado

São muitos os parâmetros para analisar a qualidade da transmissão em um meio de transmissão físico. No post anterior tivemos um sopa de letrinhas (confira aqui) dos primeiros parâmetros analisados, que foram:
- NEXT
- FEXT
- PSNEXT
- PSFEXT
- ELFEXT
- PSELFEXT

E agora, na atualização das postagens, continuo com demais parâmetros de igual importância para ter a informação em quanto está a qualidade do cabo par-trançado. Neste post, vou comentar sobre:
- Mapa de fios
- Comprimento
- Atraso de propagação
- Atraso de propagação relativo

Começo pelo parâmetro que permite uma boa comunicação entre origem e destino, e costuma não ser observado com tanta frequencia. Ele é o MAPA DE FIOS (Wire map) e com ele tem-se a visualização da conexão fio a fio de cada condutor do cabo. Sabemos que os 2 modos de conexão direta permitidos pelas normas de cabeamento estruturado são o T568A e o T568B (acesse aqui para lembrar). Como o Wire Map é visual, é muito fácil analisar se os cabos estão com a conexão na forma direta. Veja o exemplo abaixo:

Fonte: Adaptado do Arquivo Sample do software Linkware.

Os números indicam a valor de cada condutor, que vai de 1 a 8. No exemplo da figura anterior, todos os números estão na forma de conexão direta (1 com 1, 2 com o 2 e assim por diante). A letra S indica a conexão da blindagem (shield). O exemplo acima informa que não existe conexão com a blindagem entre uma ponta e outra (se o cabo não foi blindado, está tudo bem. Caso contrário, está sem conexão da blindagem).

O parâmetro seguinte é mais um de grande importância para uma boa qualidade da transmissão: COMPRIMENTO DO CABO. Sabe-se que entre 2 ativos a distância não pode ultrapassar 100 metros com cabo par-trançado (algumas categorias podem ser até menos!). O motivo é que o sinal perde sua força (atenuação do sinal) ao longo do cabo. Quanto maior a distância, maior a atenuação do sinal transmitido. A figura abaixo ilustra o valor medido através do software Linkware no item Length.

Fonte: Adaptado do Arquivo Sample do software Linkware.

Além da atenuação do sinal, o comprimento do cabo influência outro parâmetro importante denominado ATRASO DE PROPAGAÇÃO, também conhecido como propagation delay, que consiste no tempo gasto para propagação do sinal entre o emissor e receptor. Como o sinal não é instantâneo, entre as pontas do cabo existe um tempo pequeno, na ordem de ns (nano segundo), em que o sinal elétrico consegue viajar entre a origem e o destino. Sempre está presente como parâmetro de análise de uma transmissão, pois é diretamente afetado pelo comprimento do cabo e pela qualidade do material do cabo como um todo. Para o bem de todos, é muito bom quando o valor medido é o menor possível.

SENDO ASSIM: NÃO ULTRAPASSAR O VALOR DE 100 METROS E UTILIZAR CABOS DE BOA PROCEDÊNCIA

Vejamos alguns exemplos, recolhidos de um scanner de cabo


Fonte: Adaptado do Arquivo Sample do software Linkware.

Observem que quanto maior o lance do cabo, maior é o atraso. O exemplo na figura anterior é de mesmo tipo de cabo, ou seja, um cabo par-trançado de cat 5e, não blindado. Os manuais dos fabricantes informam que o atraso pode chegar no intervalo entre 500 ns e 600 ns, em um enlace máximo de 100 m.

Silvana, se as tranças são diferentes e por consequencia, também os pares tem tamanhos diferentes, então todos os pares tem o mesmo atraso?

A resposta é: não tem o mesmo atraso, justamente porque os pares tem tamanhos diferentes. Vejam pela imagem abaixo.


Fonte: Adaptado do Arquivo Sample do software Linkware.

Note que no resumo sobre as informações do cabo, o atraso é de 154 ns do par 7-8 e o comprimento considerado é de 31 m do par 4-5. Porém, na parte inferior tem-se o detalhe de cada par, onde o atraso de propagação é dado pelo par de maior comprimento (par 7-8) e o valor do comprimento de cada par, que são diferentes entre si. E assim, em função da diferença de comprimento entre os pares é que tem-se o parâmetro de medição denominado ATRASO DE PROPAGAÇÃO RELATIVO (Skew delay).


Fonte: Autora.

Conforme mostra a figura anterior, cada par terá a propagação do sinal em tempos diferentes, devido a diferença entre o comprimento dos pares. É justamente a diferença de tempo que é medida no Skew delay. Ela precisa existir, porém não pode ser nula, para evitar chegadas simultâneas, e nem precisam ser de valores altos, para evitar a interpretação por parte do receptor de que o sinal elétrico foi perdido.

Os manuais dos fabricantes contam com valores entre 40 e 50 ns de diferença entre os pares, para o enlace máximo de 100 m. No exemplo que retirei do arquivo sample do software Linkware, o valor de atraso relativo é pequeno, mas existe, para evitar os problemas citados anteriormente.

Fonte: Adaptado do Arquivo Sample do software Linkware.

Em resumo: fique atento ao comprimento máximo do cabo par-trançado. Respeite o que o fabricante recomenda, pois mesmo que sejam alguns centímetros, tem severas consequencias quanto ao sinal que é transmitido.

Bem, sei que foram muitos os parâmetros apresentados. E pelo incrível que pareça, ainda não acabou, tem mais!!!!

No próximo post estão descritos os últimos parâmetros considerados importantes para a análise da qualidade da transmissão da informação entre origem e destino.

Aguardo pelos comentários/sugestões/críticas dos leitores. Até a próxima!

Comentários

  1. Show Silvana! Com todos os parâmetros já apresentados fica fácil perceber a grande importância da Certificação da Rede! :)

    Abraço Professora!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, eu considero uma dos tópicos mais importantes na análise do cabeamento.

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Como "ver" a qualidade da luz no cabo fibra óptica

A documentação do cabeamento

Ainda tem parâmetros para "ver" a qualidade do cabo.